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Evolução aumenta capacidade infecciosa

Posted by Lucas Rodrigo Gonçalves quarta-feira, 29 de abril de 2009

A partir da década de 80, diversos fatores propiciaram o aparecimento e a disseminação de uma nova bactéria, a Salmonella enteritidis, presente em ovos e em outros alimentos, que quando consumidos crus ou mal cozidos, podem servir de veículo para a o microorganismo. Para reduzir os danos provenientes da infecção por esse patógeno, foi necessária uma mudança radical nos hábitos alimentares da população. A Salmonella faz parte de um grupo de bactérias causadoras de gastrenterites, normalmente encontradas em alimentos de origem animal, como o leite e seus derivados, carne e ovos. Dentre as várias espécies existentes, a mais comumente encontrada é a S. enteritidis.

Preocupados em diminuir os altos níveis de infecção por esse microorganismo, um grupo de pesquisadores do Agricultural Research Service (ARS) avaliaram como se deu o processo evolutivo da S. enteritidis. Para determinar quando a bactéria conseguiu passar do trato intestinal das aves para dentro dos ovos, os cientistas utilizaram uma técnica de mapeando do genoma dos microorganismos, em busca de prováveis mutações, explicou o o médico veterinário da Unidade de Pesquisa de Qualidade e Segurança de Ovos do ARS, em Atenas, Grécia, Jean Guard-Bouldin, na edição do mês de abril do ScienceDaily.

A partir de uma base de dados do Instituto Sanger, que deram origem a um conjunto de primers que “cobrem” o DNA das cepas a serem testadas, foi possível obter os mapas mutacionais das bactérias. Esses primers mantém o DNA com um marcador fluorescente que, se produzir um sinal luminoso indicará que há alguma variação genética na cepa testada. Com o objetivo de identificar o local correto e a natureza dessas alterações, os pesquisadores sequenciaram o genoma de diversas cepas, várias vezes. Foram identificados 447 polimorfismos, dos quais metade foi confirmada pela técnica de sequenciamento.

Após completar o mapa mutacional da bactéria, o pesquisador G. F. Bouldin terá condições de comparar, matematicamente, o número de polimorfismos para descobrir a taxa de evolução das bactérias. O dados observados levaram os cientistas a crer que, há 36 anos, houve um intercâmbio de DNA entre as bactérias, ao mesmo tempo em que houve a contaminação dos ovos. Esta troca de material genético determinou o surgimento de cepas híbridas capazes de infectar os ovos. No entanto, as bactérias carregavam, em seu genoma, vírus não compatíveis, resultando, de acordo com Bouldin, na divisão da cepa em duas linhagens diferentes, em que cada uma transportava um vírus. Ambas possuíam o mesmo genoma e contribuíram para o começo da pandemia.

A evolução das duas linhagens determinou o acúmulo de pequenas mudanças em seus genomas, dando início a uma variação na capacidade de contaminação dos ovos e no aumento da sobrevivência das bactérias no interior dos animais. Os pesquisadores notaram que, apesar das cepas de S. enteritidis terem genomas semelhantes, elas podem se comportar de formas diferentes no interior dos animais.

Utilizando o método de eletroforese em gel de campo pulsante (do inglês, pulse field gel electrophoresis, PFGE), a líder do estudo da Unidade de Pesquisa de Resistência Antimicrobiana e Epidemiologia Bacteriana do ARS, localizada também em Atenas, Grécia, Paula Cray, conseguiu detectar algumas das alterações. Através do PFGE foi possível obter uma estimativa da freqüência de aparecimento das alterações do DNA. Os resultados mostraram que dos 447 polimorfismos, 12 estavam com genes interrompidos, além disso, a técnica usada pela pesquisadora encontrou somente duas diferenças entre cepas de Salmonella que possibilitaram a contaminação dos ovos. A técnica de PFGE é considerada um procedimento padrão para a separação de moléculas de DNA.

A descoberta sobre as diferenças entre os genomas das bactérias será importante para que se possa descobrir, de forma mais rápida, como as doenças evoluem no organismo do ser humano, tornando-se mais virulentos, comentou Bouldin. Os pesquisadores pretendem dar continuidade ao sequenciamento dos genomas, com o intuito de tentar encontrar mais mutações que ajudarão a entender o comportamento da Salmonella e, posteriormente de outras espécies patogênicas.

Fonte: Biotec - AHG

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