A produção global de cigarros, por ano, atinge cifras de 5,5 trilhões. Estima-se que aproximadamente 1,1 bilhão de pessoas são fumantes em todo o mundo. Enquanto as taxas de fumo em países desenvolvidos estagnaram-se ou sofreram declínio, elas continuam a crescer em outras nações em desenvolvimento distribuídas pelo planeta. Os indicadores de fumo dos adultos residentes nos Estados Unidos diminuíram pela metade. No mundo em desenvolvimento, entretanto, o consumo do tabaco eleva-se 3,4% ao ano.
Pacientes com um histórico de tabagismo sempre foram considerados como preditores de câncer pulmonar, todavia essa afirmação não é realmente muito exata. Jian-Min Yuan e seus colegas, da Universidade de Minnesota, EUA, comprovaram que a presença de NNAL (4-(metilnitrosamina)-1-(3-piridil)-1-butanol) na urina pode indicar um risco de incidência de câncer pulmonar. Este metabólito é capaz de induzir a doença em animal de laboratório, mas o efeito em seres humanos ainda não tinha sido estudado.
Os pesquisadores coletaram dados de 18.244 homens registrados na pesquisa Shanghai Cohort Study e de 63.257 homens e mulheres do Singapore Chinese Health Study. Além dessa recolha de informação para avaliar os fatores dietéticos, níveis de tabagismo e de qualidade de vida, foram realizados coletas de sangue e de urina em mais de 50.000 pacientes.
Para avaliar o impacto de NNAL, os investigadores identificaram 245 fumantes que não desenvolveram o câncer pulmonar durante o período de 10 anos após a realização da entrevista inicial e da coleta de amostras de urina e, 246 fumantes que, mais tarde, apresentaram a doença.
Os níveis de NNAL na urina, como forma de avaliação, foram divididos em três grupos. Comparado àqueles com os mais baixos índices do metabólito, pacientes com um valor médio de NNAL tiveram um aumento de 43 por cento do risco de desenvolverem câncer de pulmão, enquanto que os fumantes com valores elevados do metabólito tiveram um duplo aumento do risco de incidência da doença, após ter tomado em consideração o efeito do número de cigarros por dia, do número de anos de fumo, e de níveis urinários de cotinina no risco do câncer pulmonar.
Os níveis de nicotina na urina foram igualmente calculados. Os fumantes com os níveis mais elevados de nicotina e de NNAL tiveram um aumento duplo de 8,5% no risco de câncer pulmonar, em comparação com os fumantes que tiveram os mais baixos níveis após o conhecimento do histórico de fumo.
Fumar conduz ao câncer pulmonar, mas há aproximadamente 60 substâncias carcinogêneas possíveis no fumo de tabaco. A identificação exata do agente causador possibilita uma melhor predição do risco e proporciona melhores expectativas de tratamento para os fumantes.
Análise urinária na antecipação do câncer
Selecionado, bebê nasce na Inglaterra sem gene para câncer de mama
O primeiro bebê britânico selecionado para não ter um gene relacionado ao câncer de mama nasceu em Londres, informou nesta sexta-feira (9) o hospital do University College. O embrião que deu origem à menina passou por um diagnóstico pré-implante, para evitar que a criança tivesse uma variação do gene BRCA1, que aumenta o risco de câncer de mama ou de ovário.
Em junho do ano passado passado, a mãe, de 27 anos, decidiu recorrer à escolha genética após ver de perto o caso familiar. Três gerações de mulheres de sua família --entre elas sua avó, mãe, irmã e uma prima- tiveram o tumor diagnosticado. O marido também é portador do gene.
O diretor da Unidade de Reprodução Assistida do hospital, Paul Serhal, que não informou a data do nascimento, disse hoje que "a menina não terá que enfrentar o risco desta carga genética do câncer de mama ou câncer de ovário quando for adulta". A identidade dos pais criança não foi anunciada.
Sem a intervenção da ciência, a menina teria entre 50% e 80% de probabilidades de desenvolver o tumor. Por isto, a equipe médica examinou diversos embriões e selecionou os que estavam livres deste gene.
Cerca de mil bebês nasceram até agora se beneficiando deste método de seleção genética para eliminar a carga genética de outras doenças, como a fibrose cística ou a doença de Huntington.
Esse tipo de procedimento está proibido na Alemanha, Áustria, Itália e Suíça. Em compensação, é autorizado na Bélgica, Dinamarca, Espanha e Reino Unido. Na França é permitido apenas para detectar uma doença genética incurável, como a miopatia ou mucoviscidose.
Em 2006, o Reino Unido ampliou a possibilidade de recorrer ao diagnóstico, acrescentando a mutação genética BRCA 1.
Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u488217.shtml