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Interferencia Genética na Cardiologia

Posted by Lucas Rodrigo Gonçalves quarta-feira, 20 de maio de 2009

A hipertensão arterial pode ser considerada como uma doença ou como um fator de risco para o desenvolvimento de enfermidades do coração, pois, na grande maioria das vezes, não provoca sintomas ou o quadro sintomático é confundido com o de outras moléstias.

No Brasil, de acordo com dados do Ministério de Saúde, a hipertensão afeta cerca de 31 milhões de brasileiros. Apesar do índice já ser elevado, este pode estar subestimado e, para a Sociedade Brasileira de Cardiologia, 50% dos hipertensos do país não sabem que sofrem da enfermidade. Nos Estados Unidos e na Europa, a hipertensão é também uma patologia com elevada prevalência e caracterizada por uma identificação deficiente dos pacientes.

Na busca pelo conhecimento mais aprofundado da dinâmica da hipertensão e da regulação da pressão arterial, pesquisadores da Johns Hopkins University School of Medicine, Estados Unidos, através de um programa de colaboração internacional, identificaram modificações genéticas que possibilitam um novo campo de percepção para o controle da pressão arterial e para o progresso de novos tratamentos para hipertensão.

Para a identificação dos genes envolvidos, os cientistas analisaram particularidades nos genomas de quase 30.000 indivíduos com um histórico hereditário europeu, cujas pressões sanguíneas sistólicas médias variaram de 118 milímetros hectograma (mmhg) a 143 mmhg, e as pressões sanguíneas diastólicas médias sofreram variações de 72 milímetros hectograma a 83 mmhg. Os pesquisadores procuraram as diferenças genéticas que se relacionaram com a hipertensão e encontraram 11 variações na sequência de DNA que parecem regular os níveis de pressão sanguínea.

As alterações no gene ATP2B1 foram associadas à pressão sanguínea e à hipertensão. Esse componente genético codifica uma proteína que bombeia o cálcio para fora de células localizadas no interior de vasos sanguíneos. As mudanças em SH2B3, uma proteína envolvida na resposta imune, foram igualmente relacionadas ao aumento da pressão sanguínea. Os cientistas também identificaram mudanças nos genes relacionados com o crescimento celular, assim como nos genes necessários para o desenvolvimento correto do coração.

As diferenças genéticas encontradas na pesquisa representam uma característica comum da população e causam somente pequenas alterações na pressão sanguínea. O estudo, entretanto, suporta a idéia de que alterações em muitos genes contribuem para a incidência de hipertensão e pressão alta. A combinação de mudanças múltiplas, em genes diferentes, pode aumentar a pressão sanguínea significativamente, todavia a influência de cada alteração gênica individual, na pressão sanguínea, é reduzida.

O estudo da hipertensão é difícil, pois trata-se, em primeiro lugar, de uma característica sujeita a contribuição de fatores diferenciados. Os resultados dessa pesquisa demonstram vias importantes para a manutenção da pressão sanguínea e podem conduzir à melhorias na terapia da hipertensão e à formação de sistemas de identificação precoce da enfermidade.

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